Os Espíritos em Nosso Lar se Alimentam?

Em um dos diálogos entre Lísias e André Luiz, ficamos conhecendo se os Espíritos em Nosso Lar se alimentam e como se opera todo esse processo de alimentação.

André Luiz, sempre querendo aprender mais, ao observar a grande quantidade de Espíritos vivendo ali, pergunta ao companheiro sobre o abastecimento. Existiria ali, talvez, um Ministério da Economia?

Ao que o nobre amigo responde e nos deixa saber que antigamente os serviços dessa natureza assumiam feição mais destacada.
Mas então, o atual Governador decidiu que todas as expressões de vida que lembrassem os fenômenos materiais, deveriam ser atenuadas.

Essas atividades de abastecimento foram então, beneficamente, reduzidas a simples serviço de distribuição.

Segundo os registros da Colônia Espiritual, há um século, “Nosso Lar” lutava com grandes dificuldades para fazer com que seus habitantes se adaptassem às leis da simplicidade.

Muitos Espíritos que acabavam de chegar, faziam diversas exigências. Queriam mesas fartas e bebidas, dilatando velhos vícios terrenos.

O único Ministério que ficou livre de tais abusos foi o da União Divina, por conta de suas próprias características.
Todos os demais sofriam com esse tipo de problema.

O atual Governador não poupou esforços para tentar resolver a situação.
A seu pedido, chegaram a “Nosso Lar” duzentos instrutores de uma esfera muito elevada, com o objetivo de espalharem novos conhecimentos, sobre à ciência da respiração e também da absorção de princípios vitais da atmosfera.

Muitas assembléias foram realizadas.
Alguns colaboradores de “Nosso Lar” não concordavam com as ações do Governador, alegando que ali era uma Colônia de transição e que não seria possível e justo, de uma hora para outra desambientar os homens desencarnados recém chegados, pois acreditavam que isso seria um perigo para suas organizações espirituais.

Os Espíritos em Nosso Lar se Alimentam?

 

No entanto, o Governador seguiu firme com suas resoluções. As reuniões e atividades prosseguiram durante trinta anos consecutivos.
Aconteceram muitos protestos públicos contra tais medidas.

Nesse período, o Ministério do Auxílio esteve superlotado de enfermos, por mais de dez vezes, que se diziam vítimas do novo sistema de alimentação deficiente.
Quando isso acontecia, os opositores da redução aumentavam suas acusações.

O Governador nunca castigou os opositores. Conversava com os adversários da medida a palácio e explicava-lhes os objetivos das medidas tomadas.

Aos inimigos mais rebeldes do novo processo, facilitava variadas excursões de estudo, em planos mais elevados, e dessa forma ia ganhando maior número de adeptos.

Só depois de vinte e um anos, após as perseverantes demonstrações, por parte da Governadoria, o Ministério da Elevação aderiu ao processo e passou então a abastecer-se apenas do indispensável.

Mas o Ministério do Esclarecimento ainda continuava contrário. Demorou muito tempo para assumir o compromisso, e o motivo disso era a grande quantidade de espíritos dedicados às ciências matemáticas, que ali trabalhavam.

Eles eram os adversários mais teimosos, pois já estavam mecanizados nos processos de proteínas e carboidratos, indispensáveis ao veículos físicos.

Enviavam semanalmente ao Governador longas observações e advertências, chegando a atingir, por vezes, a imprudência.

No meio desse embate entre a Governadoria e os cientistas do Ministério do Esclarecimento, formaram-se nocivos distúrbios no antigo Departamento de Regeneração, que depois de transformou em Ministério.

Os espíritos menos elevados que ali se recolhiam, sentiram-se encorajados pela rebeldia dos cooperadores do Esclarecimento, e entregaram-se a condenáveis manifestações.

Toda essa situação provocou enormes cisões em “Nosso Lar“, dando abertura às multidões obscuras do Umbral, que tentaram invadir a cidade.

Essas criaturas aproveitaram as brechas nos serviços de Regeneração, onde muitos colaboradores mantinham um intercâmbio clandestino, em razão dos vícios de alimentação.

Ameaças terríveis assombravam a todos, mas o Governador não se perturbou.
Ele solicitou uma audiência ao Ministério da União Divina e decidiu então por fechar provisoriamente o Ministério da Comunicação.

Determinou também que funcionassem todos os calabouços da Regeneração, para isolamento dos mais resistentes e perturbadores.

Advertiu o Ministério do Esclarecimento, após ter passado mais de trinta anos suportando suas contrariedades e imprudências.

Além disso, proibiu temporariamente os auxílios às regiões inferiores e, fez algo que até então nunca tinha feito em toda sua administração: mandou que ligassem as baterias elétricas das muralhas, para emissão de dardos magnéticos, com o objetivo de proteger a cidade, se fosse preciso.

Felizmente não houve combate, mas uma resistência resoluta.

Os serviços de alimentação na Colônia Espiritual, por mais de seis meses, foram reduzidos à inalação de princípios vitais da própria atmosfera, através da respiração, e também de água misturada a elementos solares, magnéticos e elétricos.

Após esse período mais crítico a Governadoria estava vitoriosa e o próprio Ministério do Esclarecimento reconheceu que estava errado e acabou por ajudar nos trabalhos de reajustamento.

Em meio da alegria geral, o Governador chorou sensibilizado, a cidade voltou ao movimento normal e o antigo Departamento da Regeneração foi transformado em Ministério.

A partir de então, apenas os Ministérios da Regeneração e do Auxílio passaram a oferecer maior suprimento de substâncias alimentícias que lembram o plano físico, pois nesses Ministérios há sempre um grande número de necessitados.

Nos demais Ministérios há somente o indispensável.

Todos reconheceram que a decisão firme do Governador representou uma medida de elevado alcance para a libertação espiritual dos habitantes de “Nosso Lar“.

Referência: Livro “Nosso Lar”
Espírito: André Luiz
Psicografia: Chico Xavier